PT discute fim das famigeradas prévias em congresso nacional

O IV Congresso Nacional do PT começa nesta sexta 2 de setembro de 2011, em Brasília, e tem como principais temas as eleições de 2012 e a reforma no estatuto do partido. Na interseção dos dois está a decisão de mudar a forma como vem sendo conduzida as prévias internas. Algo que todos os anos causa estragos financeiros e na imagem dos pré-candidatos.

Em conversa com a reportagem do Bocão News, o presidente estadual do partido, Jonas Paulo, afirmou que o caminho natural é que as candidaturas petistas sejam definidas a partir da indicação do diretório. Sendo necessário o apoio, para o postulante, de pelo menos 1/3 dos dirigentes.

“Possivelmente aqueles que conseguirem viabilizar o nome para disputar as prévias tenham de fato condições de vencer”, afirma Jonas Paulo. O exemplo citado foi a pré-candidatura do senador Eduardo Suplicy, que disputou prévias com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, antes das eleições de 2002. Na oportunidade, o senador teve apenas 17% dos votos dos filiados.

“O PT é governo e isto significa um marco. Passamos a ter outra referencia, que não será apenas os seus filiados”, avalia o presidente estadual. De acordo com ele, antes bastava o membro do partido querer que disputaria a eleição.

“O problema é que as prévias geram custos ao partido. Lógico que se houver mais de um nome com condições de disputar a eleição, as prévias são legítimas, mas devemos ter mecanismos para proteger o partido”, defendeu.

O ponto de vista de Jonas Paulo é o mesmo do ex-presidente Lula. No entanto, os interessados em disputar eleição que vêm sendo preteridos, casos do deputado estadual Bira Corôa e do federal Sérigo Carneiro, devem pensar diferente dos líderes.

O partido vai decidir esta questão durante o congresso. Outro ponto alto do encontro petista será as discussões sobre as eleições de 2012.

O presidente nacional da legenda, Rui Falcão, ressaltou as orientações gerais sobre a tática eleitoral e a política de alianças. “Nós propomos claramente que o PT encabece as chapas nos lugares em que governa, em cidades estratégicas com mais de 150 mil habitantes, e que incorpore o conjunto da base aliada. Nas cidades que estiverem a presença dos nossos aliados governando, que estiverem candidaturas mais competitivas, que respalde o governo da presidenta Dilma, o PT vai estar junto apoiando esses candidatos”.

Na Bahia, são dez cidades que integram o eixo estratégico petista. Nelas, dificilmente o PT deixará de encabeçar a chapa majoritária. “Somos governo e a ideia é mantermos. Agora, vamos sentar com os aliados para avaliarmos as candidaturas mais competitivas”, disse o presidente estadual.

De acordo com Rui Falcão, há a necessidade de prosseguir na realização da Reforma Agrária. "E principalmente quando a gente trata do apoio ao combate à corrupção, que é o núcleo desse combate, há de ser também através da reforma política eleitoral e de uma reforma de estado. Reforma eleitoral introduzindo o financiamento público exclusivo de campanha. Que tenha um outro tipo de estado, com mais carreiras profissionais, com incentivo a mais autonomia de gestão, com mais formas de controle social. Instrumentos que permitam a população poder estar controlando mais o estado”.

Para Jonas Paulo, o momento é oportuno para dar ao governo a cara do PT. A ideia é adequar o estatuto do partido com a realidade política do presente. “Somos governo agora”.

O congresso segue até o próximo domingo (4). A partir das decisões deste final de semana, muito agente político da Bahia pode colocar as barbas de molho, pois vai ter que esperar a chance de alcançar os objetivos eleitorais. Outros podem migrar de legenda.

Fato é que o PT nunca teve tantos filiados e condições favoráveis para negociar. Atualmente, o partido tem 80 mil membros apenas na Bahia. Em 2007, eram 42 mil. A expectativa é de que o número dobre em dois anos.

Foto: Edson Ruiz // Bocão News

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