Coluna A Tarde: PT contra suas origens por Samuel Celestino

O Brasil vive um momento de dificuldades acentuadas que colocam o governo da União em situação complicada. Uma onda de greve varre o País, de norte a sul, estabelecendo impasses que, em parte, paralisam a economia brasileira, que, em complemento, já não experimenta um período favorável. Pelo contrário, os indícios são de que o PIB (Produto Interno Bruto) está em queda e a inflação em processo de ascensão. Claro que os efeitos em parte são resultados da crise que atinge diversos países, especialmente da zona do euro.

Mas, de outro modo, há uma situação que se acentua e atrai as atenções. Diversos segmentos estão paralisados, como o dos caminhoneiros, Receita Federal, universidades federais, operações padrões nos aeroportos, problemas sérios de mobilidade no Rio de Janeiro, envolvendo a ponte Rio-Niterói, suspensão da emissão de passaportes e em muitos outros setores. O governo, de fato, atravessa um momento delicado. Não exatamente como aconteceu recentemente na Bahia, deixando sequelas nos setores da Polícia Militar e, principalmente, no educacional, com os equívocos cometidos pela greve dos professores que tanto mal causou aos estudantes das escolas públicas.

As greves são fatos normais nos países democráticos. É um instrumento de reivindicação. Foi apoiado nas greves, nas lutas em frentes às fábricas do ABC paulista que nasceu o PT, lastreado ainda nos movimentos eclesiais de base da Igreja Católica e nos intelectuais daquele Estado. No nascimento do PT, o que havia, no entanto, era um movimento de força entre capital e trabalho. Os petistas perderam a noção dos seus objetivos e se voltam contra os governos que se instalaram justamente com o apoio do partido.

As greves, hoje, não se situam entre o capital e o trabalho, mas, sim, contra o aparelho público. Emerge do funcionalismo público que, de maneira geral, já ganha bem, ou relativamente bem, muito, mas muito mais do que os operários da atividade privada. O prejuízo recai sobre a população de maneira geral que passa a sofrer as consequências dos movimentos grevistas, alguns insanos, outros respaldados em defesa legítima de ganhos por receberem salários insuficientes. Acontece, então, que o grande prejuízo recai sobre a população e trava os governos, que têm seus recursos estabelecidos nos orçamentos da União e dos estados, além de os governantes ficarem sujeitos a leis que estabelecem limites, como a Lei da Responsabilidade Fiscal.

O que se observa é que o próprio PT passou a se voltar contra ele próprio. Perdeu o rumo, já não enxerga a luta de classe entre o capital e o trabalho, voltando-se para punir o Estado no sentido lato e, com ele, a população, que acaba – é inexorável – por se voltar contra a ação dos militantes que até tentaram, nesta semana que passa, invadir o Palácio do Planalto. Dessa maneira, o partido está no caminho da sua autodestruição, como consequência da desorganização sindical, da profissionalização das suas lideranças gerando malefícios para a população de maneira geral, para não falar no aparelhamento dos governos, o que já é outra história. Movimento ordeiro é uma coisa, badernas e prejuízos dirigidos à população são situações bem diferentes. O berço em que o PT nasceu mudou. Pode se transformar no túmulo do partido.
Do Bahia Notícias - Por Samuel Celestino - Coluna A Tarde

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