VIOLÊNCIA: Irecê no rol das cidades mais perigosas do Brasil

"Com a resposta, o governo estadual, quem, de fato, é o responsável pelo serviço, mas, também, todas as lideranças políticas e sociais que tem compromisso em promover a paz e bem estar da população, assegurando-lhe o direito de ir e vir."

Na noite de ontem, a cidade de Irecê foi tomada por diversos focos de tiroteio, sem o envolvimento da polícia. As informações dão conta de que se trata de disputas entre traficantes por domínio de território para comercialização de drogas e armas e cobranças de dívidas por tráfico.
Gestores das polícias Civil e Militar, 
em recente reunião na UNIPPI

Os bairros São Francisco de Assis, Félix, Novo Horizonte, Baixão de Cinézia e a rua conhecida por “Lagoa de Vivim”, ao lado da Praça Ayrton Senna, são as localidades mais citadas mais citadas nos meios policiais. Tornou-se comum adolescentes andarem com armas em pleno dia, praticando assaltos. O segmento imobiliário na cidade, nos bairros mais afastados, sofreram uma acentuada queda de interesse. "Estão desvalorizados e muitas famílias querem mudar de lugar e não sabem para onde ir, pois a violência se alastra para todos os cantos da cidade", diz um agente imobiliário.

Esta semana ocorreram assaltos à mão armada em estabelecimentos comerciais, abordagens nas ruas à plena luz do dia, onde as vítimas tem seus pertences tomados pelos meliantes, arrombamentos de casas de pontos de negócios se tornaram uma rotina e muitas das pessoas nem registram mais queixas na delegacia de polícia, céticas que estão, no desempenho das autoridades policiais e na Justiça.

Quase toda semana pessoas são mortas ou feridas por arma de fogo. Vítimas por bala perdida acontecem cada vez com maior frequência.

Os moradores da cidade já não tem mais coragem de ir às ruas e à noite o medo é ainda maior. Cedo da noite as ruas estão desérticas e os estudantes noturnos temerosos. “Estamos angustiados, indo para escola sem saber se chegaremos em casa com os nossos pertences ou se vivos”, diz o estudante Vanderley Silva Freire, do Colégio Modelo.

Este é o clima de uma cidade que perdeu o apogeu da agricultura como principal atividade econômica e agora vive do turismo de negócios, vivendo um momento crítico de violência.

Dados publicados pela revista Exame, em julho do ano passado, fruto de um relatório com o “Mapa da violência 2013 – Homicídios e Juventude no Brasil”, já apontava Irecê como a 89ª cidade mais violenta do País e a 20ª no Estado. Ocorre que os índices da violência, em todos os níveis, cresceram nos últimos três meses. Veja detalhes no link: http://exame.abril.com.br/brasil/noticias/as-300-cidades-mais-perigosas-do-brasil?page=1

PREFEITO DIZ: "ROUBO PARA A POLÍCIA!" – A presença policial não vai resolver o problema da violência, cuja principal motivação é de ordem social, mas pode prevenir que ela tome contornos de guerra, que é o que acontece em Irecê neste momento.

A população tem notado cada vez menos a presença ostensiva da polícia nas ruas e sobretudo nos focos de maior violência. A polícia civil diz que não tem homens nem equipamentos suficientes para atender toda a demanda. A Polícia Militar também afirma que não tem homens suficientes para atender a necessidade de todos os municípios da região.

O prefeito de Lapão, Ricardo Rodrigues já apelou para ampliação do policiamento em seu município, onde criminosos já estabeleceram zonas de disputa pelo tráfico.

O chefe do poder executivo de outro município, também desta região, desabafou recentemente, dizendo que tem de roubar para manter a polícia em sua cidade. “Se não tiver ajuda do município com combustível e recursos financeiros, eles não permanecem na cidade”, diz um prefeito que pediu sigilo do seu nome. Ele explica que a gasolina e a ajuda de custo concedida à polícia não pode ser legalmente custeada pelo município, e por isso tem de fazer diversos artifícios. “Na prática, temos de roubar para dar à polícia”, disse angustiado.

Com a resposta, o governo estadual, que, de fato, é o responsável pelo serviço, mas, também, todas as lideranças políticas e sociais que tem compromisso em promover a paz e bem estar da população, assegurando-lhe o direito de ir e vir. (Cultura & Realidade)

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