
Assim que admitiu estar conversando com todos os candidatos e ensaiar uma aproximação com o governador Jaques Wagner (PT), Borges passou a ser o fato mais discutido da política baiana nos últimos dias, provocando reações positivas e negativas no seio dos governistas e uma certa inquietação e dúvida entre os oposicionistas.
Cortejado
Cotado como nome certo para conquistar uma das vagas ao Senado, Borges passou a ser cortejado pelos principais candidatos ao governo do Estado. Isso posto, fez o jogo da política, valorizando cada vez mais o seu passe e se colocando como um produto com forte presença na mídia. Contudo, o vai e vem para se manter oposicionista e virar governista passou a ser visto também com ressalvas, principalmente depois que alguns socialistas, petistas e democratas começaram a se rebelar.
Criticas aumentam
Depois de ser rechaçado por nomes importantes dentro do PT, como o líder da bancada do partido na Assembleia Legislativa, Paulo Rangel, o deputado federal Zezeu Ribeiro, e o ex-ministro Waldir Pires, Borges agora passou a ser questionado também pela oposição.
Aleluia entra em campo
Ontem, o deputado federal e vice-presidente nacional do Democratas, José Carlos Aleluia, um importante quadro da legenda na Bahia e parlamentar com destaque na Câmara Federal, embora reconheça ser o republicano “um senador atuante” e lembrar todo o seu currículo como secretário, vice-governador e governador, concluiu também que “todas as eleições foram obtidas com votos carlistas”, referindo-se a César Borges e ao conselheiro do TCM Otto Alencar, também cotado para a chapa da Wagner.
Mudança de estratégia
Como tudo tem um limite, ontem também surgiram os primeiros sinais de impaciência de outros oposicionistas, incomodados com a situação. Com um pouco de esforço, não foi difícil observar que, nos últimos dias, à medida que aumentavam os rumores de aproximação do senador César Borges com o governador Jaques Wagner, houve também uma mudança de estratégia na oposição tanto nos gestos quantos nas ações. Não por outro motivo, o senador ACM Júnior, nome guardado no bolso do colete para suprir uma eventual saída de Borges, começou a se movimentar para o interior.
Indefinição pode custar caro
Aliás, ao disparar a sua metralhadora giratória, ontem, protestando contra a possível aliança entre os carlistas Otto Alencar e Cesar Borges com o PT, Aleluia também admitiu disputar o Senado lá na frente, quando as coisas se clarearem. Todos esses fatos podem ser interpretados que, se Borges demorar a se decidir, pode perder a sua vaga garantida na oposição para disputar o Senado. Isso, sem falar que o ex-prefeito de Feira de Santana, José Ronaldo de Carvalho, também pleiteia uma das vagas.
Não elege 2 carlistas
Além do ambiente ruim já criado por importantes figuras governistas, há ainda o risco colocado por Aleluia de que “é muitíssimo improvável que o governador Jaques Wagner possa eleger a chapa que deseja, com Otto Alencar e com César Borges”.
Saturamento
Partindo desse pressuposto, existem outros fatores que também merecem ser observados, principalmente sobre a combinação com o eleitor. “Isso pode ser bom para ele, que está numa posição confortável, mas pode também acontecer um saturamento, caso ele não saiba jogar as cartas”, disse um deputado oposicionista, avaliando o comportamento de César Borges, ainda durante a Lavagem do Bonfim.
Não leva eleitor
Pois bem. Ao senador do PR incorre também esse risco, e ele sabe disso. Primeiro, é preciso refletir bem, diante das próprias reações em curso, se petistas, socialistas, comunistas e pedetistas – hoje os agrupamentos partidários que determinam o forte do eleitorado de Wagner – estariam dispostos a votar num ex-carlista. E avaliar também se, fechando com o governo, Borges levaria o eleitorado que sempre votou nele.
Tudo demais é sobra
Dessa forma, a indefinição, por mais que possa parecer estratégica para o líder do PR, pode se transformar num pesadelo. De repente, os democratas podem avaliar que “tudo demais é sobra” e fechar-lhe as portas que antes pareciam escancaradas. E aí, nem oito, nem oitenta. Restaria uma composição com o PMDB do ministro Geddel Vieira Lima, mas num ambiente já desgastado por idas e vindas.
Fonte: sudoestenarede.com.br - Por Evandro Matos
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