O que tem tirado o sono das cerca de 150 famílias que sobrevivem das atividades nos lotes, espalhados por 2,1 mil hectares, é o regime de chuvas, que não tem colaborado para a reposição de água no reservatório nos últimos três anos. Embora a capacidade da represa seja de 176 milhões de metros cúbicos, ela reúne hoje parcos 31 milhões de metros cúbicos.
Cerca de 150 famílias vivem das atividades rurais nos lotes do perímetro irrigado de Mirorós
O técnico agrícola Laurivan Nunes da Gama foi um dos que se entusiasmaram com o oásis no semiárido: em meados da década de 1990, garantiu dez hectares em Mirorós, onde passou a produzir goiaba e banana prata. Mas a tão sonhada fartura d'água se transformou em pesadelo. "Em setembro de 1999, a barragem sofreu uma grande baixa, mas houve a retomada das chuvas em 2000 e 2001. O estado de tensão voltou depois da escassez de precipitações entre 2008 e 2009", conta Gama.
Laurivan da Gama, produtor de goiaba e banana: tensão por conta da escassez de água
A situação piorou depois que a Agência Nacional de Águas (ANA) determinou, em outubro de 2009, que a barragem deveria priorizar o consumo humano, forçando a paralisação do perímetro irrigado quando o reservatório atingisse um volume de 20 milhões de metros cúbicos. Estima-se que só há água suficiente para seguir com a irrigação até junho - e o período de chuvas na região, que começou em outubro, termina em abril.
Segundo Gama, disputas políticas entre o governo federal e o estadual inibiram a construção de uma adutora que desafogaria a barragem, levando água do São Francisco direto para o abastecimento humano em Irecê. "Nossa necessidade seria de uma obra com vazão de mil litros por segundo, e ficou decidida uma construção de 650 litros por segundo, que não atende nem a demanda atual", diz.
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