Polícia Técnica reconstitui crime do jovem abatido por prepostos da Fibria Celulose em Mucuri

Por solicitação do delegado titular da Polícia Civil no município de Mucuri, Dr. Sanney Simões, os peritos criminais do Departamento de Polícia Técnica de Teixeira de Freitas, realizaram durante todo o dia do feriado de Tiradentes, nesta quarta-feira (21/04), os trabalhos de reconstituição do inquérito policial do caso em que seguranças armados da empresa Garra Escolta Vigilância e Segurança Ltda., a serviço da Fibria Celulose S/A., mataram a tiro na manhã do dia 17 de março deste ano, em meio a um plantio de eucalipto, nas imediações da Praia dos Coqueiros, na região da Costa Dourada, no litoral sul do município de Mucuri, o lavrador Henrique de Souza Pereira, o “Hique”, 24 anos.

A reconstituição foi coordenada pelos peritos Bruno Mello e Alexson Magalhães, da equipe do coordenador regional Manoel Garrido, que utilizaram personagens na condição de atores para a simulação dos personagens envolvidos no delito. O perito criminal Bruno Mello que comandou a operação sumulada, refez as cenas do crime por pelo menos seis vezes, tudo medido milimetricamente conforme a versão dos envolvidos, tanto das duas vítimas sobreviventes, quanto dos quatro vigilantes acusados pela autoria do crime. O delegado Sanney Simões acompanhou passo a passo todo o serviço da reprodução simulada que começou às 09h e só terminou às 20h30, com uma única parada de 60 minutos para o almoço.

Agentes da Polícia Civil, da Polícia Militar e da CAEMA deram o suporte necessário para que o evento científico fosse realizado. O advogado Roberto Albert, representante da Garra e da Fibria, também acompanhou a cena simulada na companhia de dirigentes da empresa de vigilância Garra. 25 pessoas estiveram envolvidas no processo de reconstituição, para que tudo fosse promovido nos mínimos detalhes e houvesse a revelação de ricos detalhes no local do evento delitivo.

O perito criminal Bruno Mello só deverá falar sobre o resultado que detectou em relação ao crime que reconstruiu, em laudo oficial a ser divulgado para o delegado Sanney Simões. Embora as versões das vítimas tenham sido claras, quando o “Osvaldinho” pai da vítima fatal e do cunhado da vítima “Romildo”, que disseram e descreveram toda cena dizendo que “Hique” foi morto em pé numa distância de três metros e embora estivesse portando um moto-serra, a máquina estava desligada.

Contudo, os 4 vigilantes, contam que o guarda que fez o disparo certeiro, teria caído ao tropeçar em galhos da vegetação, e se vendo acuado pela vítima que mantinha o moto-serra sobre sua pessoa, se viu obrigado a atirar certeiramente contra sua cabeça. Muito embora, ocorreu uma surpresa na reconstituição que ninguém contava com ela, o vigilante Alexandre, autor do disparo, confessou que caiu e atirou contra a cabeça de “Hique”, tendo medido uma distância de três metros, que mesmo confessando que a vítima mantinha o moto-serra ligado em posição que poderia contra atacá-lo, ele não sustenta que a vítima tenha partido de fato para lhe cortar com a máquina, contudo, dizendo que o disparo foi feito tipo um acidente, dando a entender que desesperou-se ao cair e atirou sem que fosse preciso.

Os exames de medicina legal já apontaram que quem atirou não estava deitado e sim em pé de frente a frente para com a vítima. Ou seja, o laudo médico legal sustenta a versão das vítimas sobreviventes. Todavia, os laudos do crime sumulado deverão concluir os confrontos e esclarecer as dúvidas existentes entre as versões de ambas as partes. Uma coisa parece que fechou, que teria sido a versão do vigilante Paulo Falcão, que durante a ação de abordagem, ele teria conseguido guardar a arma e se apossado de um pau para conseguir controlar o pai da vítima, que segundo ele, estaria armado de um facão e tentou por vários minutos lhe atingir.
Muito embora o delegado Sanney Simões, ainda não tenha definido sobre o inquérito a quem vai indiciar e por qual crime, mesmo porque ele vem informando que só relatará o inquérito policial do delito depois de realizar todos os procedimentos pertinentes ao caso, percebemos uma possivel eventualidade na ocorrência do crime.

Participaram da reconstituição do crime, o vigilante Alexandre Santos Silva, 35 anos, autor do disparo fatal e motorista de uma das viaturas da Garra, o vigilante Paulo Souza Falcão, 40 anos, autor da lesão que quebrou o braço do pai da vítima, e os outros dois vigilantes, Willian Dias da Hora, 25 anos e Benedito Soares de Souza, 29 anos, de uma outra viatura, e possivelmente os dois últimos, não deverão ser considerados pelo delegado como co-autores do crime e se assim ocorrer, eles poderão não ser indiciados devido não terem efetivamente participado da ação criminosa em questão.

O delegado Sanney Simões disse que só conclui o inquérito para remetê-lo à justiça depois de promover todas as diligências, ouvir todos os envolvidos no caso e ter recebido todos os laudos periciais de criminalística e de medicina legal, inclusive o da reconstituição do crime, e depois de convencido e amparado pela materialidade das provas e cientificamente compostas, definirá a sua denúncia e indiciamento, inclusive responsabilizando a quem for de direito, se for o caso.

O laudo médico legal oficial ainda será entregue ao delegado Sanney Simões da Polícia Civil de Mucuri, procedente do Departamento da Polícia Técnica de Teixeira de Freitas, onde o corpo da vítima foi submetida a exames de necropsia. O jovem Henrique de Souza Pereira, o “Hique”, 24 anos, levou um tiro à queima roupa em cima do olho esquerdo que transfixou na nuca e o laudo preliminar assinado pelas médicas Márcia Cunha e Cesarina Sirqueira, descreve ainda que a vítima recebeu o tiro em pé, ou seja, quem atirou, disparou o tiro frontalmente, tanto a vítima, quanto o autor estavam de corpos erguidos (levantados, edificados), cujo projétil entrou na região pariorbital esquerda (olho), com saída na região parietal posterior direita (nuca). O pai dele, Osvaldo Pereira Bezerra, “Osvaldinho”, 53 anos, teve o braço esquerdo quebrado em dois lugares em razão dos ataques sofridos pelos homens da Garra. Apenas o cunhado de “Hique”, Romildo Santos Conceição, 24 anos, saiu ileso da ofensiva dos vigilantes, porque conseguiu desvencilhar do cerco e fugir a tempo por dentro do eucalipto.

O assassinato do lavrador Henrique de Souza Pereira, o “Hique”, 24 anos, ocorreu na manhã de quarta-feira do último dia 17 de março, quando ele foi morto a tiro por homens da Garra Escolta Vigilância e Segurança Ltda., empresa responsável pela guarda da floresta de eucalipto da Fibria Celulose S/A (antiga Aracruz Celulose), no município de Mucuri. Além do jovem abatido pelos prepostos da Fibria Celulose, o pai da vítima, o lavrador Osvaldo Pereira Bezerra, “Osvaldinho”, 53 anos, foi atacado e teve o braço esquerdo quebrado em dois lugares por um dos vigilantes.

Proprietário de uma pequena área rural na Praia dos Coqueiros na região de Costa Dourada no litoral sul do município de Mucuri, onde “Osvaldinho” está radicado desde 1986, ele e o filho foram atacados por 4 seguranças da Fibria nas proximidades da sua casa sob suspeita que eles estivessem recolhendo indevidamente restos de madeiras de eucaliptos para carvão nas áreas de colheita da Fibria. A vereadora por Mucuri, Justina Souza Cruz “Tina” (PMDB), considera o assassinato do jovem como a treva: “A morte do “Hique” foi a treva, uma estupidez sem tamanho, diante de tantas outras várias agressões que vem sendo cometidas por estes homens encapuzados da Suzano e Fibria Celulose. Não quero antecipar a condenação de ninguém, mas diante de tantas coisas que vivemos nesta região, só faltava ocorrer uma tragédia dessa natureza, para enxergamos que o poder da celulose é capaz de qualquer coisa, para expulsar o homem do seu habitar natural e continuarem se dando bem em cima de quem eles nunca proporcionaram nada e nem propôs coisa nenhuma para qualificar esta gente que eles próprios excluíram, os ilhando com seus cinturões verdes de eucaliptos”, indignou Tina.

O jovem Henrique de Souza Pereira, o “Hique”, 24 anos, abatido com um tiro na cabeça na frente do pai e do seu cunhado, era casado com Siliane Santos da Conceição, 23 anos, e deixou uma filha bebê, Isabela de apenas 6 meses de idade. Ele era arrimo de família, ou seja, ele sustentava além da sua própria família, bem como o seu pai que é doente com graves problemas de coluna e sua mãe “Dona Elisabeth”, de 44 anos, que é diabética e vive hoje em Linhares, no Espírito Santo fazendo um tratamento por hemodiálise porque possui os dois rins comprometidos e ainda cuidava das suas duas irmãs menores de idade, de 10 e 15 anos.

A vereadora Tina, ressalta que no dia seguinte à sua morte, a vítima faria o seu último exame na 24ª Ciretran em Teixeira de Freitas, para conseguir a sua tão desejada Carteira Nacional de Habilitação, porque pretendia ser motorista profissional, visando ter um maior ganho financeiro para poder oferecer uma vida melhor à esposa, sua filha, os pais e as irmãs. Os vigilantes acusados são integrantes da Garra Escolta Vigilância e Segurança Ltda., empresa de prevenção responsável pela guarda de toda a floresta da multinacional que depois da união da Aracruz com a Votorantim, em 16 de novembro de 2009, a empresa passou a se chamar Fibria Celulose S/A., com sua fábrica estabelecida no município de Aracruz/ES., onde domina o norte e extremo-norte capixaba e o extremo sul da Bahia com seus plantios de eucaliptos.

Os dois sobreviventes do ataque, disseram que os vigilantes tão logo os abordaram, já chegaram agredindo sob acusação que os três, eram os responsáveis pelos furtos constantes de madeiras na área da empresa. O produtor rural Osvaldo Pereira Bezerra, “Osvaldinho”, 53 anos, que teve o braço quebrado por um dos vigilantes, reafirmou que ele teria apelado para que os guardas não fizessem nada mais com eles, mas teria entrado em desespero quando viu um dos homens atirando certeiramente na cabeça do seu filho e após receber as pancadas de bastão que lhe fizeram cair, teria pedido aos homens que o matasse também. O terceiro jovem que lhe acompanhava conseguiu correr dos ataques, mas ele ficou no local tentando reanimar o filho morto.

“Osvaldinho” sustentou que logo que cometeram o crime, os quatro vigilantes armados fugiram em um Fiat/Uno e voltaram ao local cerca de 40 minutos depois com um segundo carro preto e levaram o corpo do jovem, simulando que teriam prestado socorro à vítima, mesmo sabendo que o rapaz teve morte instantânea após ter levado um tiro no meio da cabeça com transfixação de projétil. Mas os vigilantes sustentam que a vítima após ter sido alvejada, o socorro foi dado imediato, o transportando no porta-malas de um Fiat/Uno, que teve o banco quebrado para que possibilitasse o translado do jovem ferido.

Por ocasião do crime, os 4 homens da Garra que mataram o jovem em Costa Dourada a serviço da Fibria Celulose S/A., se apresentaram logo após o crime, ao titular da Polícia Civil no município de Mucuri, delegado Sanney Simões na subdelegacia de Itabatã. Os acusados disseram que o jovem morto teria lhes enfrentado após a abordagem com um moto-serra ligado a ponto de conseguir derrubar um dos vigilantes e o próprio vigilante caído se viu obrigado a executá-lo com um tiro no olho. Já o pai da vítima, teve um braço quebrado por eles, quando um vigilante utilizou um bastão numa ação de desarmá-lo de um facão que possuía na mão com qual, segundo os acusados, ele tentava golpear o vigilante que havia lhe acertado o braço, inclusive com tentativa de tomar a arma do vigilante Paulo Falcão.

Fonte: www.teixeiranews.com.br - Por Athylla Borborema

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1 Comentários

  1. eu quero justiça isso foi uma estupidez meu primo era uma pessoa ótima passava por muitas difculdades e mesm se tivesse pegando eucalipto d forma errada ñ precisava morrer por isso ..

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